Ubisoft registra prejuízo de 923 milhões apesar do sucesso de Assassin's Creed Shadows
Após prejuízo de 923 milhões em 2024-25, Ubisoft aposta em nova subsidiária e cortes de custos para reverter crise financeira.
Por Daniele Gonçalves
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A Ubisoft encerrou seu ano fiscal de 2024-25 com um prejuízo líquido de R$923 milhões (€159 milhões), apesar do lançamento bem-sucedido de Assassin's Creed Shadows. A gigante francesa de videogames ainda enfrenta queda nas receitas e dificuldades com títulos que não atingiram as expectativas.
Queda de receitas e desempenho abaixo do esperado
A receita da empresa caiu 17,5% em relação ao ano anterior, somando R$11,02 bilhões (€1,9 bilhão). O principal indicador de desempenho da Ubisoft, o chamado "reservas líquidas", também registrou queda de mais de 20%, totalizando R$10,44 bilhões (€1,8 bilhão). Segundo o CEO Yves Guillemot, “foi um ano desafiador”, impactado pela forte concorrência e resultados mistos do portfólio.
Star Wars Outlaws vendeu menos do que o esperado, e a Ubisoft cancelou o título multijogador gratuito XDefiant por falta de público.
Assassin's Creed Shadows: ponto fora da curva
Apesar das dificuldades, Assassin's Creed Shadows, lançado em 20 de março, se destacou como o segundo jogo mais vendido do ano nos Estados Unidos, segundo dados da Circana. O título ambientado no Japão feudal já atraiu mais de 3 milhões de jogadores.
Nova subsidiária e reorganização interna
Em uma tentativa de reverter o cenário negativo, a Ubisoft criou uma nova subsidiária responsável por suas três franquias mais lucrativas: Assassin's Creed, Far Cry e Rainbow Six. A unidade será composta por cerca de 3.000 funcionários e não será dona das IPs, mas pagará royalties à controladora para utilizá-las.
A avaliação da subsidiária ultrapassou R$23,2 bilhões (€4 bilhões), impulsionada pelo investimento da chinesa Tencent, que injetou R$6,7 bilhões (€1,16 bilhão) em troca de uma participação de 25%.
Reestruturação, demissões e pressão do mercado
A reestruturação da Ubisoft incluiu o fechamento de estúdios internacionais e milhares de cortes de empregos. Atualmente, apenas um em cada três profissionais desligados está sendo substituído, segundo Guillemot.
Desde janeiro, as ações da Ubisoft caíram mais de 12%, atingindo o menor patamar em mais de uma década em abril. O movimento aumentou a pressão de fundos ativistas que cobram uma mudança de rumo, diante dos temores de aquisição pela Tencent, caso a nova estratégia fracasse.
Expectativas para 2025-26
Para o novo ano fiscal, a Ubisoft promete estabilidade e prepara lançamentos como:
- Um novo Prince of Persia
- Anno 117: Pax Romana (estratégia)
- Versões mobile de Rainbow Six e The Division
Além disso, a empresa projeta economizar mais R$580 milhões (€100 milhões) até o final de 2026 com seu plano de corte de custos.
Com dívidas em queda, mas desafios ainda à frente, a sobrevivência da Ubisoft pode depender diretamente do sucesso da nova subsidiária e do uso estratégico dos recursos injetados pela Tencent. A empresa promete anunciar mais medidas de reestruturação até o fim de 2025.
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